Nos últimos tempos, um termo ganhou destaque no mundo corporativo e, especialmente, nas discussões entre profissionais de Recursos Humanos: o Quiet Quitting, ou Demissão Silenciosa. Embora o nome sugira um abandono do emprego, o fenômeno é mais sutil e, por isso mesmo, potencialmente mais desafiador para as organizações.
Este artigo explora as nuances desse comportamento, suas possíveis causas e o papel estratégico que o RH desempenha nesse cenário.
O Que Exatamente é o Quiet Quitting?
O Quiet Quitting não significa que o funcionário está prestes a pedir demissão formalmente. Pelo contrário, ele continua cumprindo suas obrigações contratuais, mas abandona a ideia de ir além.
Isso se manifesta na recusa em assumir tarefas extras, na falta de proatividade para resolver problemas fora de seu escopo direto, na desconexão com a cultura da empresa e na ausência de entusiasmo e paixão pelo trabalho. Em essência, o colaborador limita seu esforço ao estritamente necessário.
O Que Causa o Quiet Quitting?
Entre as causas mais comuns, podemos citar:
1. Falta de Reconhecimento e Valorização
Funcionários que não se sentem vistos ou recompensados por seus esforços extras tendem a diminuir seu engajamento. Se ir além não traz benefícios tangíveis ou intangíveis, por que o fariam?
2. Cultura de Sobrecarga e Burnout
Ambientes que normalizam jornadas exaustivas e pressão constante podem levar ao esgotamento. Consequentemente, o quiet quitting surge como um mecanismo de autoproteção.
3. Gestão Ineficaz
Líderes despreparados, falta de feedback construtivo, microgerenciamento ou ausência de clareza sobre metas e expectativas contribuem significativamente para a desmotivação.
4. Ausência de Oportunidades de Crescimento
Quando o colaborador não enxerga um futuro ou possibilidades de desenvolvimento dentro da empresa, seu comprometimento tende a diminuir.
5. Remuneração Incompatível
Sentir-se mal remunerado pelo trabalho realizado, especialmente em comparação com o mercado, é um forte gatilho para a desconexão.
6. Desalinhamento de Valores
Uma desconexão entre os valores pessoais do funcionário e a cultura ou propósito da organização também pode levar ao distanciamento emocional e, por conseguinte, ao quiet quitting.
Impactos na Organização
A Demissão Silenciosa não é um problema isolado do indivíduo, ela se reflete em toda a organização. Além da óbvia queda na produtividade individual, outros impactos incluem:
- Moral da Equipe: O comportamento pode ser contagioso, afetando o clima e o engajamento de outros colegas.
- Inovação Reduzida: A falta de proatividade e disposição para ir além limita a capacidade da empresa de inovar e se adaptar.
- Sobrecarga de Colegas: As tarefas não realizadas pelos “quiet quitters” muitas vezes recaem sobre os colegas mais engajados, gerando ressentimento e potencial burnout neles também.
- Dificuldade em Atingir Metas: Equipes com membros desengajados têm mais dificuldade em alcançar objetivos estratégicos.
O Papel do RH
O papel que o RH assume não se trata apenas de identificar os “quiet quitters“, mas de reverter o que está causando esse comportamento. Assim, o RH deve:
- Implementar canais eficazes de feedback, como pesquisas de clima e conversas individuais (one-on-ones) focadas no bem-estar e desenvolvimento.
- Garantir que o esforço extra e o bom desempenho sejam devidamente reconhecidos.
- Capacitar gestores para que sejam mais empáticos, ofereçam feedback eficaz, definam expectativas claras e saibam motivar suas equipes.
- Desenvolver e comunicar programas de apoio à saúde mental, incentivar pausas e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
- Oferecer perspectivas de crescimento e desenvolvimento dentro da empresa.
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